Existe um fato curioso e poucas vezes comentado: a tentativa de criação, em 1952, de um novo estado brasileiro, denominado Estado União de Jeová. Tu conheces essa história?
Foi liderada pelo baiano Udelino Alves de Matos, no Contestado entre Espírito Santo e Minas Gerais. Existia muita desordem e a solução do movimento de Udelino – Movimento Udelista – era ocupar o espaço ausente do governo nessa região.
Pelo nome já percebe-se que o tal Udelino era um religioso radical com aspirações políticas. Nas pregações ele afirmava que o paraíso era na região contestada. Um detalhe: a ideia era não pagar impostos ao Estado.
“[…] este Estado [União de Jeovah] seria baseado em uma religiosidade muito forte. Ele prometia um paraíso em terra, e com esta promessa encantava as pessoas.” (CURRY, 1997, p. 3)
O Estado reclamava a região do Contestado entre Espírito Santo e Minas Gerais, no território que, segundo Major Djalma Borges, da Polícia Miliar do Estado do Espírito Santo, líder do grupo militar responsável pela repressão do Movimento Udelinista, se compunha de terras dos municípios de Conceição da Barra, São Mateus, Barra de São Francisco, Ametista e Joeirana no Estado do Espírito Santo, e Teófilo Otoni e Carlos Chagas no Estado de Minas Gerais. Englobando hoje em sua maior parte o município de Ecoporanga. (BORGES apud ESPÍRITO SANTO, 1953 a, p. 109)
Em toda essa agitação, Udelino chegou a protocolar um abaixo-assinado no Palácio do Catete, diretamente para Getúlio Vargas. Só que aqueles posseiros que estavam apoiando Udelino e sua ideia de um Estado novo, não esperaram respostas. Os jeovenses (866 posseiros) sentiram o cheiro do novo Estado florir. Já existia uma bandeira própria, selos, sede administrativa e sua capital, Cotaxé. Além do hino que dizia: “um mundo novo, de paz, amor, liberdade, onde vivia feliz o povo, igual na felicidade, tendo oficinas e escolas, onde ninguém peça esmolas, nem sofra necessidades”.
Houve conflitos com a politicai militar de Minas e ES. O ‘exército’ jeovense não teve chance alguma. O estado foi destruído antes de entrar no mapa brasileiro. Udelino fugiu e ficou foragido. Nunca mais se ouviu falar dele.