Você já imaginou como o retorno de Donald Trump ao poder poderia redefinir o papel dos Estados Unidos no cenário global? Como uma administração Trump em 2025, marcada por promessas de “America First”, influenciaria questões delicadas como a relação com a China, as alianças na OTAN, e os acordos climáticos? O que esperar de uma postura que valoriza o protecionismo e a autossuficiência em um mundo cada vez mais interconectado?
Neste artigo, vamos explorar como as declarações e posições anteriores de Trump sinalizam uma política externa que pode abalar estruturas tradicionais e alterar dinâmicas globais. Convido você a refletir: o mundo está preparado para uma nova fase do “America First”? E quais são as possíveis consequências para a segurança global, o comércio e o meio ambiente? Vamos examinar esses pontos com base nas perspectivas de um segundo mandato de Trump.
1. Europa e a OTAN
Sob Trump, os EUA poderiam pressionar ainda mais os países da OTAN para aumentarem os investimentos em defesa, sob pena de perderem o suporte norte-americano, possivelmente até com ameaças mais diretas de retirada dos EUA da aliança. No entanto, isso provocaria uma reavaliação estratégica entre os países europeus, especialmente na Europa Oriental, que já vem intensificando suas próprias capacidades de defesa diante da ameaça russa e da imprevisibilidade americana. A perspectiva de um afastamento dos EUA poderia levar países europeus a buscar uma “autonomia estratégica” ainda mais forte, reforçando blocos de defesa regionais e expandindo capacidades militares próprias para reduzir a dependência dos EUA.
2. China e Competição Econômica
A política de “hard power” contra a China, característica de Trump, poderia voltar com intensidade, incluindo tarifas adicionais sobre produtos chineses e a imposição de restrições mais rigorosas a empresas de tecnologia que interajam com a China. Durante seu primeiro mandato, Trump utilizou tarifas e sanções com base na segurança nacional para barrar setores críticos como tecnologia e telecomunicações, especialmente em produtos como semicondutores, que estão no centro da disputa tecnológica global. Com o ressurgimento dessas restrições, espera-se que os EUA ampliem os esforços para reconfigurar suas cadeias de suprimentos, reduzindo a dependência de insumos chineses em setores críticos.
3. Oriente Médio e Relações com Israel e Países Árabes
Trump pode intensificar as relações com Israel, retomando o enfoque nos Acordos de Abraão e incentivando outros países árabes a normalizarem relações com Israel. Esse processo de normalização, que durante seu primeiro mandato foi um marco na política externa dos EUA, poderia ganhar mais ímpeto com apoio político e econômico direto de Washington, possivelmente resultando em uma coalizão mais sólida contra o Irã. No entanto, isso também pode reverter a política de negociação nuclear com o Irã, dificultando a estabilização da região e elevando os riscos de conflitos sectários e tensões nucleares.
4. Política Ambiental e Acordos Climáticos
Uma administração Trump 2 provavelmente ampliaria seu ceticismo em relação a políticas climáticas, revertendo compromissos americanos com acordos multilaterais, como o Acordo de Paris. Além disso, Trump manifestou oposição a políticas ambientais de emissões e regulamentações para empresas. Sua oposição enfática a essas políticas ameaça dividir ainda mais as ações globais contra a mudança climática, comprometendo esforços liderados por blocos como a União Europeia e enfraquecendo as ambições de cooperação multilateral em pautas ambientais.
5. América Latina e Políticas de Migração
A política migratória de Trump tende a endurecer em relação aos países da América Latina, com planos de deportação massiva e possíveis restrições adicionais a imigrantes. Essas ações, além de impactarem diretamente o fluxo migratório, podem criar tensões com governos da região e agravar a situação econômica e social em países dependentes de remessas de imigrantes nos EUA. O endurecimento das fronteiras também pressionaria economias latino-americanas a reavaliar suas políticas econômicas e de segurança regional.
Em suma, uma nova administração Trump traria elementos de continuidade e intensificação de algumas políticas nacionalistas e protecionistas, acentuando a postura de afastamento de alianças tradicionais e priorizando uma visão de segurança nacional baseada em auto-suficiência econômica e protecionismo. Esses movimentos, por sua vez, podem acelerar a transformação de um sistema geopolítico multipolar, com a UE e a China consolidando suas próprias esferas de influência e criando um mundo menos dependente do poder de projeção norte-americano.
Fontes e leituras complementares:
Acordos de Abraão – Wikipédia, a enciclopédia livre
The Transatlantic Trade and Climate Space after the U.S. 2024 Elections