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Desvendando o Sistema Eleitoral Americano: Uma Comparação com o Brasil

As eleições americanas sempre despertaram grande interesse global, tanto pela complexidade do seu sistema eleitoral quanto pela influência que os Estados Unidos exercem no cenário internacional. Como analista, minha intenção é desmistificar o processo eleitoral dos EUA, focando especialmente nas votações e na questão dos delegados nos estados, pois compreender seu funcionamento é essencial para qualquer pessoa interessada em política internacional. A principal característica que distingue as eleições americanas é o sistema do Colégio Eleitoral, um mecanismo que frequentemente gera curiosidade e confusão. Bora lá:

O Sistema de Votação nos EUA: Como funcionam as Eleições Americanas?

Diferente do Brasil, onde utilizamos o sistema de votação eletrônica direta, os Estados Unidos adotam um sistema de votação indireta. Isso significa que, na eleição presidencial, os eleitores não votam diretamente no candidato de sua escolha. Em vez disso, votam em delegados que, por sua vez, prometem votar em determinado candidato no Colégio Eleitoral. 

Ao analisar o sistema americano, é fundamental entender que ele é profundamente influenciado pelas regras de cada partido político. No caso do Partido Democrata, existem delegados comprometidos e não comprometidos. Os delegados comprometidos devem declarar sua preferência por um candidato presidencial específico, enquanto os não comprometidos têm mais liberdade para escolher. Já no Partido Republicano, os delegados podem ser vinculados ou livres de escolher, dependendo das regras locais.

O Colégio Eleitoral Americano

O Colégio Eleitoral é composto por 538 delegados, e para ser eleito presidente, um candidato precisa obter a maioria absoluta dos votos desse colégio, ou seja, pelo menos 270 votos. Cada estado tem um número de delegados proporcional à sua população, semelhante ao que temos no Brasil com o número de deputados federais por estado. Por exemplo, a Califórnia, sendo o estado mais populoso, tem 55 delegados, enquanto estados menos populosos, como Wyoming, têm apenas 3 delegados. É interessante notar que isso cria uma dinâmica onde estados mais populosos têm maior peso no resultado final, mas todos os estados, independentemente do tamanho, têm um papel significativo.

Para tornar-se um delegado (os delegados são, frequentemente, figuras influentes dentro de seus partidos, como políticos locais, ativistas e líderes comunitários), uma pessoa deve participar ativamente de seu partido político local. Isso inclui comparecer a reuniões locais, participar de campanhas eleitorais e desenvolver uma reputação de liderança e engajamento político. Uma vez que uma pessoa tenha estabelecido uma presença significativa em seu partido local, ela pode concorrer a um cargo de delegado nas convenções partidárias. Isso geralmente envolve fazer campanha entre os membros do partido, participar de debates e convenções locais e obter apoio de outros membros do partido. Esses indivíduos são escolhidos não apenas por sua lealdade ao partido, mas também por sua capacidade de mobilizar eleitores e representar os interesses do partido nas eleições presidenciais.

Algumas pessoas famosas que serviram como delegados incluem Hillary Clinton, ex-primeira-dama dos Estados Unidos, que atuou como delegada comprometida do Partido Democrata em várias ocasiões. Outro exemplo é Mitt Romney, ex-governador do estado de Massachusetts e candidato presidencial republicano em 2012, que também atuou como delegado em convenções anteriores, defendendo valores conservadores e políticas econômicas liberais.

O caminho para a presidência começa com as primárias e caucuses – sistema de eleger delegados em dois estados, na fase das eleições primárias, na qual cada partido decide quem será o candidato desse partido à presidência -, onde cada partido seleciona seu candidato. Esses eventos, realizados em cada estado e território, permitem que os eleitores registrados selecionem seu candidato preferido. Os resultados dessas disputas determinam o número de delegados que cada candidato recebe, que então votam no candidato na convenção nacional de seu partido.

Uma vez escolhidos os candidatos, começa a campanha eleitoral geral. Os candidatos viajam por todo o país, participando de debates, comícios e outros eventos para obter apoio e votos. A eleição em si ocorre na primeira terça-feira após a primeira segunda-feira de novembro, com os eleitores votando no presidente e no vice-presidente.

Vencedor Leva Tudo

A maioria dos estados americanos adota o sistema “winner-takes-all” (o vencedor leva tudo), onde o candidato que obtém a maioria dos votos populares em um estado ganha todos os delegados daquele estado. Apenas dois estados, Maine e Nebraska, utilizam um sistema proporcional, onde os delegados são distribuídos de acordo com a proporção de votos recebidos por cada candidato.

Essa característica do sistema eleitoral americano pode resultar em situações onde um candidato vence no Colégio Eleitoral, mas não na votação popular nacional. Foi o que aconteceu nas eleições de 2000 e 2016, quando George W. Bush e Donald Trump, respectivamente, ganharam a presidência apesar de terem recebido menos votos populares que seus oponentes.

Comparação com o Sistema Brasileiro

No Brasil, utilizamos um sistema de votação direta para eleger o presidente, onde cada voto conta igualmente, independentemente da região. Esse sistema tende a refletir de forma mais precisa a vontade popular nacional. No entanto, o sistema americano tem a intenção de equilibrar os interesses entre estados mais e menos populosos, um reflexo da natureza federativa dos Estados Unidos.

A Importância dos “Swing States”

Um detalhe do sistema eleitoral dos EUA é a importância dos “swing states” ou estados-pêndulo. Estes são estados onde nenhum partido tem uma maioria sólida e, portanto, podem pender para qualquer lado nas eleições. Flórida, Ohio e Pensilvânia são exemplos clássicos de swing states que frequentemente decidem o resultado da eleição presidencial.

O sistema do Colégio Eleitoral é frequentemente objeto de debates e críticas. Seus defensores alegam que ele protege os interesses dos estados menos populosos, impedindo que somente os estados mais populosos determinem o resultado das eleições. Por outro lado, os críticos argumentam que o sistema pode distorcer a vontade da maioria e que nem todos os votos possuem igual valor.

Uma crítica recorrente é que o sistema motiva os candidatos a concentrarem suas campanhas nos chamados “swing states”, estados onde a competição é mais intensa, em detrimento dos estados onde o resultado já é considerado certo. Isso se opõe ao sistema brasileiro, onde o peso de cada voto é igual, não importa a região.

 

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