Theodore Roosevelt e Marechal Rondon

Theodore Roosevelt (à esquerda do marco), o então coronel Rondon (à direita) e outros membros da expedição Rondon-Roosevelt posam para fotografia em frente ao marco construído em homenagem ao empreendimento (Foto: Museu do Indio).

Quando um Ex-Presidente dos EUA Decidiu Desbravar a Amazônia

 

Theodore Roosevelt (à esquerda do marco), o então coronel Rondon (à direita) e outros membros da expedição Rondon-Roosevelt posam para fotografia em frente ao marco construído em homenagem ao empreendimento (Foto: Museu do Indio).

Já imaginou um ex-presidente dos Estados Unidos, acostumado com salões elegantes e discursos inflamados, se enfiando no meio da Amazônia, enfrentando mosquitos, piranhas e perigos que fariam Indiana Jones pensar duas vezes? Pois foi exatamente isso que Theodore Roosevelt, com seu espírito de aventura maior que o próprio ego, decidiu fazer em 1913. Mas calma aí, ele não estava sozinho nessa maluquice. Ao seu lado, guiando a expedição com a autoridade de quem conhecia as entranhas do Brasil como poucos, estava o lendário Marechal Cândido Rondon. O encontro desses dois gigantes resultou na célebre exploração do misterioso Rio da Dúvida.

A gênese de uma aventura improvável

Tudo começou quando Roosevelt, já aposentado da presidência, resolveu que precisava de um desafio novo. Caçar leões na África já tinha perdido a graça. Foi então que surgiu a oportunidade de participar de uma expedição na Amazônia, organizada pela Sociedade de Geografia Brasileira e liderada por Rondon. O objetivo? Desbravar o desconhecido Rio da Dúvida, um afluente do rio Madeira, cuja nascente e percurso ainda eram um grande ponto de interrogação nos mapas.

Agora pense bem: um americano de meia-idade, com histórico de saúde questionável, decidindo se aventurar em uma das regiões mais inóspitas do planeta.

Quem estava nessa empreitada?

Além de Roosevelt e Rondon, a expedição contou com uma equipe de exploradores e cientistas, como o filho de Roosevelt, Kermit, e o naturalista brasileiro George Cherrie. No total, eram cerca de 20 homens enfrentando a selva. E quando digo enfrentando, é no sentido mais literal da palavra: fome, doenças tropicais, ataques de insetos e animais selvagens. Não era exatamente o tipo de aventura que você posta no Instagram com a legenda “vida no mato, paz no coração”.

Rondon, com sua experiência em expedições pelo interior do Brasil, liderava com uma disciplina militar impressionante. Ele acreditava no lema “morrer se for preciso, matar nunca”. Isso incluía respeitar os povos indígenas da região, uma postura bastante avançada para a época. Já Roosevelt, apesar de ser um novato na selva, não era de fugir de desafios. Ele estava disposto a remar, explorar e até matar a própria fome com o que a natureza oferecesse (ou com o que os outros caçassem).

Os perrengues e descobertas no meio da selva

A expedição foi um caos organizado – se é que podemos chamar assim. Logo de cara, enfrentaram corredeiras traiçoeiras, quedas de canoas e a constante ameaça de malária e febre amarela. A comida escasseava, e a tensão aumentava a cada dia. Roosevelt quase morreu de uma infecção causada por um ferimento na perna, o que obrigou a equipe a desacelerar o ritmo. Kermit, por outro lado, tinha que lidar com a responsabilidade de manter o pai vivo – um trabalho digno de um herói grego.

Apesar dos desafios, a expedição conseguiu mapear o curso do Rio da Dúvida, que mais tarde foi rebatizado como Rio Roosevelt, em homenagem ao ex-presidente. Eles percorreram cerca de 1.500 quilômetros em um ambiente hostil, colocando o Brasil e sua riqueza natural em evidência no cenário mundial.

Curiosidades que valem um parêntese

Você sabia que a expedição quase terminou em tragédia por conta de um assassinato? Um dos membros da equipe, acusado de roubo, matou outro a tiros e fugiu para a floresta. O que aconteceu com ele? Bem, ninguém sabe ao certo. Provavelmente foi engolido pela selva.

E tem mais: Roosevelt ficou tão debilitado pela doença que confessou ter pensado em tirar a própria vida para não atrasar o grupo. É surreal imaginar um homem que já liderou uma das maiores potências do mundo quase sucumbindo à força implacável da natureza.

O impacto da expedição: um legado entre mapas e histórias

A exploração do Rio da Dúvida foi um marco histórico. Não só porque revelou detalhes geográficos inéditos, mas também porque destacou a importância da preservação da Amazônia em um momento em que ninguém ainda falava disso. Roosevelt, ao voltar para os EUA, escreveu sobre a experiência em seu livro “Through the Brazilian Wilderness”, ajudando a divulgar a Amazônia para o público internacional.

Rondon, por sua vez, consolidou sua reputação como um dos maiores exploradores brasileiros. Seu respeito pelos povos indígenas e sua dedicação à integração nacional sem destruição continuam sendo exemplos relevantes até hoje.

Uma dica de serie: “O Hóspede Americano”

Se você quer se aprofundar nessa história um tanto insana, recomendo a série “O Hóspede Americano”, disponível na HBO Max/Prime Video (eu acho). A produção retrata a convivência (e os conflitos) entre Roosevelt e Rondon, trazendo um olhar humano e intenso sobre essa aventura.

Fontes: Expedição Científica Rondon-Roosevelt – Wikipédia / Medo e devastação nos caminhos centenários da expedição Roosevelt-Rondon | National Geographic /

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