Uma Revolta Contra a Corrupção que Levou à Renúncia do Primeiro-Ministro
Os últimos dias no Nepal foram marcados por uma onda de protestos intensos e violentos, liderados principalmente pela Geração Z – jovens frustrados com a corrupção endêmica e a falta de oportunidades em um país já instável politicamente. O que começou como manifestações contra uma proibição temporária de redes sociais escalou rapidamente para confrontos mortais, incêndios em edifícios governamentais e ataques diretos a figuras de alto escalão. No dia 9 de setembro de 2025, o primeiro-ministro, K.P. Sharma Oli, lider do Partido Comunista do Nepal, renunciou em meio ao caos, mergulhando o Nepal em mais uma crise política. Essa renúncia veio após dias de violência que deixaram pelo menos 19 mortos e mais de 100 feridos, destacando a profundidade da insatisfação popular.
O Que Motivou os Protestos?
Os protestos, apelidados de “manifestações da Geração Z”, surgiram de uma frustração acumulada com o sistema político nepales. Desde a abolição da monarquia em 2008, o país tem enfrentado instabilidade crônica, agravada por corrupção generalizada, nepotismo e uma economia estagnada. Jovens, que representam uma grande parte da população, se sentem excluídos: o desemprego é alto, o acesso a educação de qualidade e serviços de saúde é limitado, e as oportunidades econômicas são escassas em um país pobre encravado entre a Índia e a China.
O gatilho imediato foi a decisão do governo de Oli de impor uma proibição em redes sociais como Facebook, YouTube, X (antigo Twitter) e Instagram. Oficialmente, a medida visava combater a disseminação de “desinformação” e discursos de ódio, mas os manifestantes a viram como uma tentativa de silenciar críticas à corrupção. Celebridades nepalesas e influenciadores digitais apoiaram o movimento, ampliando sua visibilidade. Slogans como “Hatyara Sarkar” (Governo Assassino) ecoaram nas ruas, demandando não só o fim da proibição, mas também investigações independentes sobre escândalos de corrupção envolvendo altos funcionários, incluindo alegações de nepotismo no governo de coalizão entre o Partido Comunista do Nepal (UML) de Oli e o Nepali Congress. Os jovens protestavam por um “futuro brilhante”, com acesso igualitário a educação, saúde e empregos, em um contexto onde a corrupção drena recursos públicos.
Video onde ministro das Finanças do Nepal, Bishnu Prasad Paudel, corre enquanto uma multidão o persegue:
Como a Situação Escalou para Violência Extrema?
Os protestos começaram de forma relativamente pacífica no início de setembro de 2025, com manifestações em Katmandu e outras cidades como Janakpur. No entanto, eles ganharam força rapidamente, espalhando-se para áreas rurais e fronteiriças com a Índia. Milhares de jovens marcharam para a capital, desafiando um toque de recolher indefinido imposto pelo governo.
A escalada para violência ocorreu em 8 de setembro, quando manifestantes tentaram invadir o parlamento em Katmandu. A polícia respondeu com gás lacrimogêneo, balas de borracha e canhões de água, resultando em 19 mortes e dezenas de feridos. Em retaliação, os protestos se tornaram mais agressivos: manifestantes incendiaram pneus nas ruas, criando nuvens de fumaça que forçaram a suspensão de voos no Aeroporto Internacional de Tribhuvan. A fúria se voltou contra símbolos do poder – o parlamento foi incendiado, assim como o escritório do Nepali Congress e as residências de vários políticos, incluindo relatos de fogo na casa do próprio primeiro-ministro Oli. Alguns ministros foram resgatados por helicópteros militares para escapar da multidão enfurecida.
Há relatos de espancamentos e perseguições a membros de alto escalão do governo e policiais. Em becos estreitos de Katmandu, manifestantes jogaram pedras e perseguiram forças de segurança, enquanto outros gravavam os confrontos com celulares. A violência se espalhou para outras cidades, com incêndios em veículos governamentais e bloqueios de estradas. Especialistas alertam que ignorar a Geração Z pode levar a mais instabilidade, pois esses jovens representam uma força demográfica poderosa, cansada de promessas vazias.
A residência do Ministro da Energia, Deepak Khadka, foi incendiada por manifestantes:
Manifestantes incendiaram o parlamento do Nepal em Katmandu em meio a distúrbios em todo o país:
O prédio do Parlamento Federal do Nepal está pegando fogo:
A Resposta do Governo à Corrupção e aos Protestos
O governo de Oli tem sido criticado por sua abordagem leniente à corrupção. Apesar de promessas de reformas, escândalos persistem, incluindo acusações de favorecimento a aliados em contratos públicos e falta de transparência em gastos governamentais. A proibição das redes sociais foi vista como uma tática para abafar denúncias online, mas o tiro saiu pela culatra: após as mortes no dia 8, o banimento foi suspenso em uma tentativa de acalmar os ânimos.
Oli convocou uma reunião multipartidária no dia 9, defendendo diálogo pacífico e afirmando que a violência não beneficiava a nação. No entanto, isso não conteve os protestos, que continuaram com demandas por renúncias em massa e reformas profundas. A Comissão Nacional de Direitos Humanos do Nepal instou por contenção, criticando o uso excessivo de força pela polícia. Com a renúncia de Oli, o presidente Ram Chandra Paudel aceitou o pedido, abrindo caminho para um novo governo interino, mas os manifestantes exigem mais: investigações independentes e punições para corruptos.
Um vídeo apareceu online mostrando manifestantes invadindo a residência do ministro das Relações Exteriores do Nepal, Arzu Rana Deuba, e espancando-a brutalmente:
O fogo já engoliu quase todo o prédio do Parlamento nepalês:
Um Momento de Mudança ou Mais Instabilidade?
Esses protestos marcam o pior tumulto no Nepal em décadas, ecoando movimentos globais da juventude contra sistemas falhos. Embora a renúncia de Oli seja uma vitória simbólica, os jovens alertam que não pararão até verem mudanças reais. O país agora enfrenta incerteza política, com impactos econômicos como a paralisação de voos e marchas de apoiadores das fronteiras. Se o próximo governo não abordar a corrupção de frente, o Nepal pode ver mais ondas de revolta. Fique atento para atualizações, pois essa “Revolução Gen Z” pode redefinir o futuro do Himalaia.
Para mais informações sugiro o site local: Online Khabar