Avião de Trump na Groelândia

Donald Trump Jr Visitando a Ilha gelada © Getty Images

Por que os EUA sempre quiseram a Groenlândia? O interesse histórico por essa terra gelada

Você já parou para pensar por que os Estados Unidos demonstram tanto interesse pela Groenlândia? A verdade é que essa ilha gigantesca – a maior do mundo, diga-se de passagem – sempre esteve no radar estratégico dos americanos. E não é de hoje.

A Groenlândia, apesar de parecer um bloco de gelo esquecido no topo do mapa, é um verdadeiro tesouro geopolítico. Desde a Segunda Guerra Mundial até os dias atuais, os EUA tentaram, de uma forma ou de outra, garantir influência sobre esse pedaço de terra. Mas o que há de tão especial por lá?

Uma oferta de compra… rejeitada

Em 1946, o presidente Harry Truman fez uma proposta ousada: comprar a Groenlândia da Dinamarca por 100 milhões de dólares em ouro. Sim, você leu certo. Os EUA queriam literalmente assinar um cheque e levar a ilha para casa. Parece coisa de um magnata excêntrico, mas o motivo por trás disso era bem pragmático: a Groenlândia tem uma posição estratégica absurda.

Durante a Guerra Fria, ter uma base ali significava vigiar os movimentos da União Soviética e proteger o espaço aéreo norte-americano. Além disso, os EUA já tinham presença militar na ilha – a Base Aérea de Thule, construída nos anos 1950, foi um ponto-chave para a defesa do país contra ataques nucleares soviéticos.

Além da estratégia: riquezas escondidas no gelo

Se na época da Guerra Fria a Groenlândia era um trunfo militar, hoje ela tem um valor ainda mais palpável: recursos naturais. O gelo que cobre a ilha está derretendo devido às mudanças climáticas, e isso está revelando riquezas que antes eram inacessíveis, como petróleo, gás natural e minerais raros (aqueles usados na fabricação de eletrônicos e tecnologia de ponta).

Agora, faz sentido que os EUA tenham tentado comprá-la de novo? Pois foi exatamente isso que Donald Trump sugeriu em 2019 e agora em 2025. Ele queria negociar a Groenlândia com a Dinamarca, como se fosse um imóvel em Manhattan. A reação? Risos e indignação, tanto dos dinamarqueses quanto dos próprios groenlandeses.

Agora, vamos dar uma virada para o lado russo. A Rússia, com sua vasta extensão ártica, sempre teve os olhos no Ártico, e a Groenlândia é um ponto crucial nesse cenário. A Rússia não vê a Groenlândia apenas como um vizinho distante; ela enxerga a ilha como parte de uma estratégia maior no Ártico. Com o aumento da navegabilidade das rotas marítimas árticas, a Groenlândia se torna ainda mais importante para a Rússia, que já tem uma presença militar e econômica significativa na região.

Declarações recentes do Kremlin mostram que eles estão observando de perto qualquer movimento dos EUA em relação à Groenlândia. A Rússia tem interesses estratégicos no Ártico, e a Groenlândia está no coração desses interesses. Mas o que a Rússia realmente quer? Será que é apenas para manter o equilíbrio de poder ou há uma ambição de expandir sua influência até mesmo sobre a ilha?

Mas, piadas à parte, o interesse dos americanos nunca esfriou. Afinal, além dos recursos naturais, a Groenlândia também abre portas para o controle do Ártico – uma região que está se tornando palco de uma nova disputa global entre potências como EUA, Rússia e China.

Os Primeiros Habitantes

A história da Groenlândia começa com os povos paleo-esquimós, que chegaram à ilha há cerca de 4.500 anos. Esses primeiros habitantes, conhecidos como a cultura Saqqaq, viviam de caça e pesca, adaptando-se ao clima ártico com uma habilidade impressionante.

Os Vikings e a Colonização Nórdica

A Groenlândia entrou no radar europeu por volta do ano 1000, quando Erik, o Vermelho, um viking banido da Islândia, encontrou a ilha e decidiu estabelecer ali uma colônia. Ele chamou o lugar de “Groenlândia” (Terra Verde) talvez como um ato de esperança ou marketing, já que a ilha é mais conhecida pelo seu gelo do que por sua vegetação. Os nórdicos estabeleceram duas colônias que prosperaram por alguns séculos, mas eventualmente desapareceram, possivelmente devido a mudanças climáticas, conflitos com os inuítes ou uma combinação de fatores.

A Chegada dos Inuítes

Os inuítes, ancestrais dos groenlandeses modernos, chegaram em ondas a partir do século XIII, trazendo consigo uma cultura adaptada ao Ártico, com habilidades de caça e técnicas de sobrevivência que ainda são celebradas hoje. Eles coexistiram com os nórdicos por um tempo, mas eventualmente, foram os únicos habitantes permanentes da ilha após o desaparecimento das colônias vikings.

A Era Dinamarquesa

A história moderna da Groenlândia começa em 1721 com a chegada do missionário norueguês-dinamarquês Hans Egede, que buscava os nórdicos perdidos mas encontrou apenas os inuítes. Isso marcou o início da colonização dinamarquesa, que trouxe mudanças significativas, incluindo a introdução do cristianismo, novas formas de educação e exploração econômica, especialmente da pesca e da caça à baleia.

Autonomia e Modernidade

A Groenlândia passou a ser um município dinamarquês em 1953, mas o movimento pela autonomia ganhou força ao longo do século XX. Em 1979, adquiriu status de autonomia dentro do Reino da Dinamarca, e em 2009, um novo estatuto de autonomia ampliado foi aprovado, dando à Groenlândia maior controle sobre seus recursos naturais, como os minerais e o petróleo, e permitindo que se tornasse um estado independente se assim escolhesse no futuro.

O Século XXI: Mudanças Climáticas e Geopolítica

Hoje, a Groenlândia enfrenta diversos desafios e oportunidades. O aquecimento global está derretendo suas geleiras, revelando novas rotas marítimas e possibilidades de exploração de recursos naturais, mas também ameaçando sua cultura e modo de vida tradicional.

Fonte: ¿Por qué Trump quiere controlar Groenlandia? / Hans Egede – Wikipédia / Inuítes – Wikipédia / Eiríkr – Wikipédia / Saqqaq culture – Wikipédia / Paleoesquimós – Wikipédia / Esquimós – Wikipédia / Análise de DNA revela que isolamento de grupo no Ártico durou 4 mil anos / Gronelândia – Wikipédia / Entenda por que a Groenlândia, maior ilha do mundo, está na mira de Donald Trump | Fantástico | G1 / Trump já cobiçou Groenlândia em 2019 e foi ridicularizado / Trump quer comprar a Groelândia. E ele não é o primeiro | EL PAÍS / Base aérea de Thule – Wikipedia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Temas