Monarquias e Seus Conflitos: Entre Coroas, Intrigas e Sobrevivência

 

Em pleno século XXI, ainda temos reis e rainhas. Parece coisa de conto de fadas ou de livros de história, mas a verdade é que as monarquias ainda estão por aí, resistindo ao tempo como um velho relógio de bolso que insiste em funcionar mesmo quando a tecnologia moderna já tomou conta do mundo. É um sistema que sobreviveu a guerras, revoluções e, vamos combinar, à paciência dos povos. Mas por que elas ainda existem? E como conseguem se manter, enquanto tantas outras foram varridas pela história?

A Origem das Monarquias: Reis, Deuses e Conflitos

No começo, lá nos tempos mais remotos, o poder do rei muitas vezes vinha de uma suposta ligação direta com os deuses. Os faraós no Egito, por exemplo, eram vistos como representantes divinos na Terra. Mas, convenhamos, essa era uma estratégia inteligente: quem vai questionar um rei que diz ter o aval de uma divindade? É como se o chefe da empresa dissesse que Deus aprovou o aumento das metas — você vai discutir?

No começo, lá atrás na história, ser rei ou rainha era o auge do poder. Estamos falando de um tempo em que não havia parlamentos, constituições ou campanhas eleitorais – só espadas, cavalos e castelos. O rei era o Estado. Pense em Luís XIV, da França, conhecido como o “Rei Sol”, que teria dito: “O Estado sou eu”. Luís era basicamente um influenciador do século XVII: tudo girava ao seu redor.

Monarquias começaram a surgir quando sociedades humanas ficaram grandes o suficiente para precisar de líderes fortes e centralizados. Alguém precisava organizar as coisas, proteger o território e, claro, cobrar impostos – porque a gente sabe que o que nunca sai de moda é um imposto. Só que, com o tempo, o poder absoluto começou a dar problema. Lembra da Revolução Francesa? Os franceses literalmente derrubaram a monarquia (e algumas cabeças no processo) porque estavam cansados de sustentar um sistema que não funcionava para eles.

Com o tempo, as monarquias se consolidaram como formas de governo baseadas na hereditariedade. Era simples: o poder passava de pai para filho, ou, em alguns casos, de pai para filha (afinal, nem todas as coroas eram machistas o tempo todo). Mas essa sucessão familiar não foi sempre pacífica. Quantas histórias de traições, conspirações e guerras por tronos não preencheram os capítulos mais sangrentos da história?

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Monarquias Modernas: Entre a Realeza e a Realidade

Hoje, as monarquias sobreviventes são bem diferentes daquelas dos tempos de castelos e espadas. Algumas ainda concentram poder político, enquanto outras têm um papel simbólico, quase decorativo. Um exemplo interessante é o Reino Unido. Você já reparou como a monarquia britânica é uma mistura de tradição e entretenimento? Elizabeth II, que reinou por décadas, era uma figura de estabilidade, mas a monarquia britânica também é o reality show original. Escândalos, brigas familiares e casamentos transmitidos pela TV — é praticamente um “Big Brother” com coroas.

Por outro lado, temos monarquias absolutas, como a da Arábia Saudita. Lá, o rei não está só para cortar fitas de inaugurações ou aparecer em selos postais. Ele concentra poder político, econômico e religioso. Isso nos leva a pergunta central do nosso texto de hoje: em um mundo que valoriza a democracia, como um sistema assim ainda se sustenta? Bom, a resposta, em parte, está no petróleo e na geopolítica — mas isso é história para outro texto.

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Tipos de Monarquias: Um Cardápio Variado

Existem, basicamente, dois tipos de monarquias no mundo hoje: as constitucionais e as absolutas. Nas monarquias constitucionais, como no Japão ou na Suécia, os monarcas são mais figuras simbólicas do que governantes de fato. Eles cortam fitas, recebem embaixadores e sorriem para as câmeras, enquanto o poder político é exercido por um parlamento e um primeiro-ministro. É quase como um contrato social implícito: “Você fica com as coroas e nós ficamos com as decisões.”

Já nas monarquias absolutas, como na já mencionada Arábia Saudita, o rei governa com poderes amplos. É um sistema onde o monarca é, literalmente, a última palavra. Mas, francamente, quem não tem um pouco de curiosidade em saber como é viver em um lugar onde uma única família define os rumos de um país inteiro? Parece surreal, mas é a realidade para milhões de pessoas.

Monarquias Constitucionais: Entre a Tradição e a Política

Nas monarquias constitucionais, como no Reino Unido, na Suécia e no Japão, os monarcas não têm poder executivo ou legislativo. Isso significa que eles não tomam decisões políticas diretamente, mas isso não quer dizer que sejam irrelevantes. O rei ou a rainha geralmente desempenha um papel de chefe de Estado cerimonial, representando o país em eventos diplomáticos e fortalecendo a identidade nacional. Parece pouco, mas, em tempos de crise, essa função simbólica pode ter um peso enorme. A monarquia é, muitas vezes, vista como um pilar de estabilidade em meio ao caos político.

Por exemplo, a rainha Elizabeth II, durante seu longo reinado, manteve uma posição de neutralidade política, mas sua presença constante foi crucial em momentos de turbulência, como a saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit). O rei ou a rainha pode não decidir nada diretamente, mas seu papel de “guardião da tradição” ajuda a unir o país e, em alguns casos, facilitar transições políticas difíceis.

A monarquia em sistemas constitucionais frequentemente tem acesso a líderes políticos de alto escalão, o que lhes permite exercer uma influência indireta. Monarcas recebem relatórios confidenciais, encontram-se com chefes de governo regularmente e, em alguns casos, podem aconselhar ou até mesmo pressionar discretamente para que certas decisões sejam tomadas. Um exemplo famoso disso foi o papel do rei Juan Carlos I da Espanha na transição do país para a democracia, após a ditadura de Franco. Sua intervenção em um golpe de estado em 1981 foi decisiva para proteger o novo sistema democrático.

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Monarquias Absolutas: Poder Concentrado e Decisões Estratégicas

Nas monarquias absolutas, como na Arábia Saudita, no Catar e em Brunei, o rei ou emir não é apenas uma figura simbólica. Ele concentra poder político e econômico, muitas vezes acumulando as funções de chefe de Estado, chefe de governo e comandante das forças armadas. Essas monarquias têm um peso direto em decisões nacionais e internacionais.

Na Arábia Saudita, por exemplo, o rei é o principal tomador de decisões políticas, mas o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman (MBS) tem liderado reformas significativas e, ao mesmo tempo, conduzido uma política externa agressiva, especialmente no Oriente Médio. A guerra no Iêmen, que tem gerado uma das piores crises humanitárias do mundo, é amplamente vista como parte da estratégia geopolítica saudita para conter a influência do Irã na região. Nesse caso, a monarquia não apenas governa, mas define as direções estratégicas do país em níveis globais.

Porém, essas monarquias enfrentam críticas crescentes, especialmente no campo dos direitos humanos e da transparência. A concentração de poder pode levar a abusos, como foi amplamente discutido no caso do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, que envolveu diretamente a monarquia saudita. Ainda assim, por conta de sua riqueza (especialmente derivada do petróleo) e de seu peso geopolítico, essas monarquias permanecem influentes e relativamente intocáveis.

Mais detalhes: Monarquia absoluta – Wikipédia, a enciclopédia livre / Príncipe saudita autorizou o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, aponta inteligência dos EUA | EL PAÍS Brasil / Guerra Civil Iemenita (2014–presente) – Wikipédia, a enciclopédia livre / Mohammad bin Salman – Wikipédia, a enciclopédia livre / Assassinato de Jamal Khashoggi: o mundo já esqueceu? – DW

A Geopolítica das Monarquias

Do ponto de vista geopolítico, as monarquias modernas ainda conseguem exercer influência considerável. Além do exemplo da Arábia Saudita, temos o caso das monarquias do Golfo, como o Catar e os Emirados Árabes Unidos, que utilizam sua riqueza para influenciar a política internacional. O Catar, por exemplo, é dono da Al Jazeera, uma das maiores redes de notícias do mundo, e tem usado sua diplomacia ativa para mediar conflitos e aumentar sua relevância global.

Já na Europa, embora as monarquias constitucionais não tenham o mesmo impacto direto, elas ainda têm uma relevância simbólica que pode ser usada estrategicamente. A monarquia britânica, por exemplo, é uma das instituições mais reconhecidas do mundo, o que a torna uma ferramenta valiosa de “soft power” para o Reino Unido. Quando um membro da família real faz uma visita oficial a outro país, ele ou ela não está apenas cortando fitas e acenando para o público; está ajudando a fortalecer as relações bilaterais e a projetar a influência britânica no exterior.

Mais detalhes: Entenda o que é soft power • ESPM / “Soft power” é estratégia para países conquistarem poder e prestígio sem o uso da força – Jornal da USP

Questões e Desafios

Apesar de sua relevância em diferentes contextos, as monarquias enfrentam pressões para se modernizar ou justificar sua existência. Na Espanha, por exemplo, o rei Felipe VI tem lidado com uma crescente onda de críticas e movimentos separatistas, especialmente na Catalunha. A monarquia também enfrenta desafios relacionados à transparência, como o escândalo financeiro envolvendo o rei emérito Juan Carlos I.

Em um mundo que valoriza a democracia e a igualdade, quanto tempo as monarquias podem continuar sendo aceitas? Será que, eventualmente, a pressão por mudanças vai superar o peso da tradição?

Mais detalhes: Independentismo catalão – Wikipédia, a enciclopédia livre / Os escândalos que fizeram ex-rei da Espanha deixar país que reinou por quase 40 anos – BBC News Brasil

A Linha Tênue Entre Relevância e Decoração

Olhando para o papel das monarquias modernas, é fácil perceber como elas caminham em uma linha tênue entre serem figuras de influência e decorações cerimoniais. Algumas ainda têm o poder de mover peças no tabuleiro político global, enquanto outras são lembranças vivas de um passado que, de alguma forma, ainda cativa a imaginação coletiva. O fato é que, mesmo no século XXI, elas continuam sendo protagonistas — ou coadjuvantes bem estratégicos — no grande palco das relações internacionais.

A Monarquia no Direito Internacional

E onde entra o direito internacional nessa história toda? Bom, o reconhecimento das monarquias modernas é, em grande parte, uma questão de soberania nacional. Cada país decide se quer manter ou abolir sua monarquia. Mas isso não impede que surjam conflitos diplomáticos. Pense na Espanha, por exemplo, onde movimentos separatistas como o da Catalunha desafiam a monarquia constitucional. Será que, em um mundo cada vez mais globalizado, esses sistemas vão resistir à pressão por mudanças?

Conflitos e Questionamentos

As monarquias sempre estiveram no centro de conflitos — seja por guerras de sucessão, seja por revoluções que tentaram (e muitas vezes conseguiram) derrubar os reis. A Revolução Francesa é o exemplo mais emblemático. Quando os franceses cansaram de sustentar uma monarquia que esbanjava enquanto o povo passava fome, a guilhotina entrou em cena.

Mas será que as monarquias de hoje estão livres desse tipo de revolta? É um questionamento válido, especialmente em tempos de crise econômica e desigualdade. Mesmo nas monarquias constitucionais, há quem questione por que uma família tem privilégios quase sobrenaturais só por ter “sangue azul”.

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