Como uma crença de ‘missão divina’ impulsionou conquistas, guerras e um legado que ainda ecoa nos dias de hoje
Você já ouviu falar no Destino Manifesto? Se o nome soa grandioso, é porque ele realmente é. Trata-se de um conceito que moldou os Estados Unidos como conhecemos hoje. Basicamente, era a crença de que os americanos tinham o “destino” dado por Deus de expandir seus territórios por toda a América do Norte. Mas, calma aí… de onde surgiu essa ideia? E por que ela teve um impacto tão grande? Vamos conversar sobre isso.
Primeiro, imagine os EUA lá no século XIX, ainda engatinhando como nação independente. O país estava crescendo como uma criança faminta, mas não só de território. Era uma fome por poder, recursos, influência. Nesse cenário, o Destino Manifesto apareceu como aquela justificativa quase “mágica” que as pessoas adoram quando querem fazer algo grandioso (ou questionável). A ideia foi popularizada em 1845, pelo jornalista John L. O’Sullivan, que disse que os americanos tinham o direito — e até o dever — de ocupar terras de costa a costa. Segundo ele, isso era um plano divino.
Agora, vamos parar um segundo. Por que “divino”? Por que não “humano”? Dá para perceber o peso dessa retórica? Trazer Deus para o discurso era (e ainda é) uma estratégia poderosa. Quando algo é visto como sagrado ou inevitável, fica difícil contestar. Quem vai querer ir contra a “vontade divina”, certo? Essa foi a chave para transformar uma ambição territorial em um movimento quase religioso.
O Destino Manifesto foi, por um lado, o motor de grandes feitos. Os americanos não só expandiram suas fronteiras, mas também conectaram o país com ferrovias, criaram novas cidades e impulsionaram a economia. Mas, e aqui vem o grande “porém”: isso teve um preço. A expansão dos EUA não aconteceu num mapa vazio. Ela envolveu conflitos brutais com povos indígenas, que já estavam ali há séculos, além de guerras com o México e até divisões internas sobre a escravidão.
Aliás, falando nisso, já reparou como é curioso (e desconfortável) que o Destino Manifesto tenha sido usado como justificativa para práticas tão violentas? Parece que, em nome de um “destino inevitável”, muita coisa terrível ficou “perdoável”. Não é estranho pensar como uma ideia tão simples — expandir o território — pode ser revestida de uma aura quase mística para justificar guerra, expulsão e até genocídio?
E o que dizer da economia? A expansão territorial trouxe riquezas, mas também desigualdades gritantes. O sul dos EUA usou a expansão para ampliar as plantações de algodão — e, consequentemente, a escravidão. O norte, por outro lado, via a expansão como uma chance de consolidar o capitalismo industrial. Essa disputa de interesses, alimentada pelo Destino Manifesto, não plantou as sementes da Guerra Civil? Parece um “destino” bem complicado, não acha?
Mas talvez o ponto mais interessante — e assustador — do Destino Manifesto é que ele não ficou preso ao século XIX. Ele evoluiu. Basta olhar para a política externa dos EUA no século XX. A ideia de que os americanos têm um papel especial no mundo, de “levar liberdade e democracia”, é uma versão moderna desse mesmo pensamento. Só que, agora, em vez de territórios, a expansão é de influência.
Isso levanta uma série de perguntas. Será que o Destino Manifesto foi apenas uma desculpa para a ambição de poder? Ou será que, de fato, acreditava-se nessa “missão divina”? E mais: até que ponto ideias como essa, carregadas de idealismo, justificam ações que, no fundo, causam sofrimento?
No fim das contas, o Destino Manifesto é um daqueles temas que nos faz refletir sobre os limites entre fé, ambição e moralidade. Foi uma ideia que construiu um império, mas que também deixou um rastro de destruição. Um daqueles casos em que a frase “os fins justificam os meios” parece estar estampada em cada pedaço da história.
E você, o que acha? Será que estamos vivendo novas versões do Destino Manifesto no mundo de hoje? Porque, honestamente, parece que essa história de “destino” ainda está bem longe de acabar.
Fonte: Doutrina do destino manifesto – Wikipédia / Destino Manifesto: o que foi, contexto, expansão – Mundo Educação / John L. O’Sullivan – Wikipédia