Sul Global

Mapa do Sul Global

O Sul Global e o Brasil: Uma Análise das Relações Internacionais

 

Já percebeu como o termo “Sul Global” tem ganhado destaque nas falas do presidente Lula e de seus ministros? Você sabe o que exatamente significa esse “Sul Global”? É apenas uma geografia política? Um ideal de união entre nações emergentes? Ou é uma tentativa de fazer frente ao poderio das nações do “Norte Global”? Bem, para entender isso, precisamos mergulhar no conceito, olhar para os números e, claro, observar como o Brasil está tentando se posicionar nesse tabuleiro geopolítico.

O Que é o Sul Global?

O termo “Sul Global” é utilizado para se referir a um grupo de países que, em geral, estão localizados no hemisfério sul do planeta, mas que mais amplamente engloba nações em desenvolvimento ou emergentes, independentemente de sua localização geográfica. Ele agrupa os países da África, América Latina, Ásia e Oceania, que compartilham desafios históricos e econômicos semelhantes, como desigualdade, pobreza e a luta por maior representatividade nas instituições internacionais é mais como uma alternativa aos termos “Terceiro Mundo” ou “países subdesenvolvidos” para descrever uma nova dinâmica geopolítica e econômica. É um clube de países que, historicamente, ficaram fora das decisões dos poderosos do Norte – ou seja, Europa, Estados Unidos, Canadá e Japão.

Mas será que essa visão de “Norte versus Sul” ainda faz sentido em um mundo tão globalizado? Afinal, a China, que tecnicamente faz parte do Sul Global, já é a segunda maior economia do mundo. E países como o Brasil e a Índia têm PIBs que rivalizam com algumas nações europeias. Parece que esse conceito está sempre cambaleando entre ser uma metáfora e uma realidade.

Mais detalhes: Quem compete com o Brasil pela liderança do ‘Sul Global’? – BBC News Brasil / O Sul Global e a cooperação Sul-Sul | Brasil 247

O Brasil e o Sul Global no Governo Lula

Com Lula de volta ao poder, o discurso em torno do Sul Global ganhou novo fôlego. O presidente e seus ministros falam com entusiasmo sobre a necessidade de fortalecer a cooperação entre os países do Sul Global, buscando maior independência das potências ocidentais. Nesse caso, Lula vê no Sul Global não só uma oportunidade de alianças econômicas, mas também um espaço para a construção de um “mundo multipolar”, onde o poder não esteja concentrado apenas nas mãos de alguns países do Norte.

E faz sentido, não é? Afinal, o Brasil é um dos líderes naturais desse grupo. Temos a maior economia da América Latina (PIB de R$ 10,9 trilhões em 2023), uma população de mais de 200 milhões de pessoas e uma posição geográfica que nos conecta tanto com o Atlântico quanto com os mercados emergentes da África e da Ásia. Sem contar que somos um dos maiores exportadores de commodities do mundo – de soja a minério de ferro. É como se o Brasil tivesse uma mesa reservada no jantar das grandes potências emergentes.

Mais detalhes: PIB cresce 2,9% em 2023 e fecha o ano em R$ 10,9 trilhões | IBGE / PIB cresce 2,9% em 2023: o que esperar da economia brasileira em 2024 – BBC News Brasil

 

BRICS: A Cara do Sul Global?

E, claro, não podemos falar de Sul Global sem mencionar o BRICS. O bloco, formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul são seus fundadores, e, em 2023, mais cinco países aderiram ao bloco: Irã, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Arábia Saudita. Ainda em processo de confirmação, a Arábia Saudita tem participado das reuniões do grupo, segundo o Itamaraty. É frequentemente citado como um exemplo de cooperação entre as potências emergentes. Só para dar uma ideia da importância desse grupo, juntos, os BRICS representam cerca de 42% da população mundial (mais de 3 bilhões de pessoas!) e aproximadamente 31% do PIB global, segundo dados de 2023 (a soma dos nove países que já integram formalmente o Brics, além da Arábia Saudita)

A ideia do BRICS, no papel, é ótima: unir forças para negociar com mais peso no cenário internacional, criar alternativas às instituições dominadas pelo Ocidente, como o FMI e o Banco Mundial, e promover o desenvolvimento mútuo. Mas será que o bloco está funcionando como deveria? Na prática, os BRICS ainda enfrentam desafios enormes. A China, por exemplo, é a gigante do grupo, com um PIB de mais de 17 trilhões de dólares, enquanto a África do Sul tem uma economia que mal chega a 400 bilhões. É como tentar fazer uma banda de rock onde o vocalista é uma estrela global e o baterista ainda está aprendendo a tocar.

E, além disso, há as tensões políticas. Rússia e China têm agendas muitas vezes incompatíveis com as democracias de Brasil, Índia e África do Sul. Isso levanta a pergunta: o BRICS é realmente um bloco coeso ou é apenas uma sigla bonitinha que usamos para impressionar nos discursos?

Mais detalhes: A população do grupo BRICS – Instituto Humanitas Unisinos – IHU / Brics têm mais de 40% da população e 37% do PIB mundiais | Agência Brasil / O que é BRICS e qual a importância para a economia | InfoMoney

O Papel Geopolítico do Sul Global

A visão de Lula para o Sul Global também envolve desafiar a dominação do dólar no comércio internacional – um tema que o BRICS já vinha discutindo. A ideia de criar uma moeda comum ou de aumentar as transações em moedas locais é uma tentativa de reduzir a dependência das economias emergentes em relação ao sistema financeiro dominado pelos EUA. É uma ideia ousada, mas será que é viável? Afinal, criar uma moeda comum requer muito mais do que vontade política. É preciso alinhar políticas fiscais, econômicas e até culturais entre países que têm realidades extremamente diferentes.

E aqui entra uma  outra questão; até que ponto o Sul Global pode realmente se tornar um contraponto ao Norte Global? A verdade é que, mesmo com todo o discurso de cooperação, muitos desses países ainda dependem das potências do Norte para financiamento, tecnologia e comércio. Parece um pouco como tentar sair da casa dos pais, mas ainda pedindo dinheiro para pagar o aluguel.

Mais detalhes: Sul Global: O que é esse ‘eixo’ de países que Lula se propõe a liderar? Entenda – Estadão / Expansão do Brics é ‘sem critérios’ e pode prejudicar Brasil, diz criador do termo – BBC News Brasil / Banco do BRICS se consolida como alternativa ao sistema ocidental – Sputnik Brasil / Na Cúpula, Putin exibe cédula simbólica do BRICS – mas moeda conjunta ainda é improvável – Mundo – CartaCapital

O Direito Internacional e a Representação do Sul Global

Outro ponto que Lula e outros líderes do Sul Global frequentemente levantam é a necessidade de maior representatividade nas instituições internacionais. O Conselho de Segurança da ONU, por exemplo, ainda reflete a realidade do pós-Segunda Guerra Mundial, com seus membros permanentes sendo as potências vitoriosas daquela época. O Brasil tem defendido há anos uma reforma que inclua mais países do Sul Global nesse espaço de decisão. Mas será que o Norte está disposto a abrir mão de um pouco do seu poder?

Além disso, há a questão do direito internacional e da soberania. Muitos países do Sul Global argumentam que as regras internacionais frequentemente beneficiam as potências ocidentais, enquanto penalizam os países em desenvolvimento. O caso das sanções econômicas é um exemplo claro disso: enquanto países como os EUA aplicam sanções à vontade, nações do Sul Global raramente têm esse tipo de ferramenta à disposição.

Mais detalhes: Lula defende reforma da ONU para acenar ao “Sul Global“, mas premissa é falha | Blogs | CNN Brasil / Na ONU, Lula projeta Brasil como líder do Sul Global e voz a ser ouvida nas questões mundiais / Lula critica ONU e diz que Sul Global está sub-representado | Metrópoles

Estatística dos BRICS

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