TAXA SELIC HISTORICO

Taxa Selic: Como ela funciona e por que importa tanto para a Economia Brasileira

Você já se perguntou o que é essa tal de taxa Selic que volta e meia aparece no noticiário? Em uma recente conversa com meu amigo piauiense (Rogério) no trabalho, entramos em um embate ao analisar a trajetória histórica dessa taxa e aqui estou revisando o tema. A Selic é uma sigla para Sistema Especial de Liquidação e Custódia, e ela representa a taxa básica de juros da economia brasileira. Basicamente, a Selic influencia todo o sistema financeiro do país, e sempre que ela sobe ou desce, seus efeitos são sentidos por empresas, investidores e, claro, por nós consumidores.

Mas o que é a Selic e por que ela existe?

Vamos voltar um pouco no tempo. A Selic foi criada para ser uma espécie de guia dos juros no Brasil. Ela define quanto os bancos vão pagar para tomar dinheiro emprestado entre si, e é o Banco Central que decide essa taxa. Por que ele faz isso? Para controlar a inflação. Em períodos de inflação alta, o Banco Central pode aumentar a Selic para deixar o crédito mais caro, desestimulando o consumo e, por consequência, diminuindo a pressão sobre os preços. Quando a economia está em baixa e a inflação não é um problema, o Banco Central pode reduzir a Selic para incentivar o consumo e o investimento.

É interessante observar que a Selic também é uma ferramenta que afeta o nosso dia a dia de várias formas: ela impacta desde as taxas de juros dos financiamentos e empréstimos até o rendimento das nossas economias. Ou seja, a cada decisão do Banco Central, sentimos algum tipo de efeito no nosso bolso.

Um Pouco de História da Taxa Selic no Brasil

A Taxa Selic não surgiu do nada. Embora o Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC) tenha sido criado em 1979 para facilitar a negociação de títulos públicos, a taxa Selic como instrumento de política monetária ganhou real importância com o Plano Real em 1994. A partir desse momento, ela começou a ser usada com mais destaque pelo Banco Central, que a transformou em uma ferramenta essencial para controlar a inflação. Em 1999, com a adoção do regime de metas para a inflação, a Selic foi formalizada como a taxa básica de juros da economia brasileira, tornando-se o principal mecanismo do Banco Central para influenciar a inflação, o consumo e o crédito no país. Desde então, a taxa é determinada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que se reúne periodicamente para revisar e, se necessário, ajustar a Selic de acordo com o cenário econômico.

Ao longo dos anos, vimos a Selic passar por altos e baixos que refletem nossa própria história econômica. Houve momentos em que ela chegou a níveis estratosféricos, como em 1997, quando bateu 45% ao ano! Imaginem só o impacto disso na vida das pessoas e das empresas.

Desde os anos 2010, o movimento da Selic reflete as políticas econômicas adotadas pelos diferentes governos, assim como a reação do Banco Central a crises internas e externas. Ao olhar para a trajetória da Selic ao longo dos anos, fica claro o papel fundamental que ela desempenha na estabilização econômica e na tentativa de controle inflacionário.

Vamos ver como ela se comportou de 2010 até 2024:

Média Anual da Taxa Selic (2010-2024)

Abaixo, alguns gráficos da média anual da Selic com os presidentes do Brasil em cada período (link para a matéria de cada gráfico ao fim do texto). Esse histórico nos ajuda a entender como os diferentes governos tentaram (ou precisaram) usar a política monetária para controlar a inflação e incentivar a economia:

Como a Selic Afeta a Economia

Então, o que tudo isso significa na prática? Sempre que a Selic sobe, o crédito fica mais caro. Se você pensa em financiar uma casa, por exemplo, os juros do financiamento tendem a subir. Isso desestimula o consumo e, em teoria, ajuda a controlar a inflação. Por outro lado, quando a Selic cai, o crédito fica mais barato, e mais pessoas e empresas podem gastar, o que teoricamente ajuda a economia a crescer.

A Selic também afeta os investimentos. Se a Selic está alta, títulos públicos e outras aplicações em renda fixa, que seguem essa taxa, se tornam mais atraentes. Com uma Selic baixa, por outro lado, muitos investidores buscam alternativas mais arriscadas, como ações e fundos imobiliários, para tentar obter melhores retornos.

Vamos pensar em exemplos práticos. Quando a Selic está baixa:

  1. Aquele financiamento para comprar um apartamento fica mais acessível.

  2. As empresas tendem a investir mais, podendo gerar mais empregos.

  3. O consumo tende a aumentar, pois fica mais barato usar o cartão de crédito ou pegar um empréstimo pessoal.

Por outro lado, quando a Selic está alta:

  1. O rendimento da sua poupança ou do seu investimento em renda fixa melhora.

  2. Fica mais caro manter aquela dívida do cheque especial.

  3. As empresas pensam duas vezes antes de expandir, o que pode desacelerar a criação de empregos.

Antes e depois da Selic: uma revolução econômica

Antes da implementação efetiva da Selic como a conhecemos, o controle da política monetária no Brasil era muito mais complicado e menos transparente. O financiamento da dívida pública era feito de maneira menos eficiente, e o Banco Central tinha menos instrumentos para influenciar as taxas de juros da economia.

A grande mudança veio com o Plano Real em 1994. A Selic se tornou o principal instrumento de política monetária para controle da inflação. Isso permitiu uma gestão mais precisa da quantidade de moeda em circulação e das expectativas de inflação.

Para termos uma ideia do impacto, em 1994, antes da implementação plena da Selic como instrumento de política monetária, a inflação no Brasil chegou a incríveis 916,46% ao ano!

Questões para Pensar

Por fim, uma coisa interessante para se perguntar é: qual o verdadeiro impacto dessa política no nosso dia a dia? Será que um aumento da Selic realmente atinge o alvo certo e controla a inflação de forma efetiva? Ou será que as pessoas acabam pagando um preço alto demais por essa política, com um crescimento econômico mais lento e juros abusivos em financiamentos e juros do cartão de credito?

Ao longo dos últimos anos, a Selic tem sido uma das ferramentas mais importantes para tentar estabilizar a economia brasileira. Mas seu impacto vai muito além dos números: afeta nossas decisões de compra, nossos investimentos, e até o ritmo de crescimento do país. Portanto, é sempre interessante acompanhar de perto as decisões do Banco Central e pensar no que elas podem significar para o futuro da nossa economia.

Estudos complementares:

Estudo histórico da evolução da taxa SELIC nos últimos quatro governos presidenciais no Brasil

Taxa SELIC: uma análise baseada na regra de Taylor

A indexação da dívida pública à taxa Selic: origem e a persistência após o Plano RealEducação financeira: como a taxa selic impacta no controle de gastos

Taxas de juros básicas – Histórico (Banco Central)

Link para as matérias com os gráficos: 

https://www.infomoney.com.br/mercados/banco-central-eleva-a-selic-em-05-ponto-percentual-para-1325-ao-ano/

https://minhaseconomias.com.br/indicadores-financeiros/o-que-e-taxa-selic

https://blogdoibre.fgv.br/posts/evolucao-historica-das-taxas-de-juros-reais-e-de-seus-determinantes-no-brasil

https://conteudos.xpi.com.br/economia/historico-selic-projecao/

https://www.empiricus.com.br/explica/taxa-selic/

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