Irineu Evangelista de Sousa, mais conhecido como Visconde e Barão de Mauá, foi uma figura marcante na história do Brasil. Nascido em 1813, no Rio Grande do Sul, ele se destacou como comerciante, industrial, banqueiro e político. Sua trajetória é um exemplo de determinação e paixão pelo desenvolvimento do país.
Desde jovem, Mauá enfrentou desafios significativos. Após a morte de seu pai, ele foi enviado ao Rio de Janeiro para viver com um tio. Começou a trabalhar cedo e, com muito esforço, aprendeu inglês e contabilidade, o que lhe abriu portas no mundo dos negócios. Sua primeira grande empreitada foi a fundição da Ponta da Areia, em Niterói, onde iniciou a indústria naval brasileira.
Mauá era um visionário e acreditava no potencial do Brasil. Ele investiu em diversas áreas, como a construção de ferrovias, a iluminação a gás no Rio de Janeiro e a navegação a vapor no Amazonas. No entanto, suas ideias liberais e sua oposição à escravidão o colocaram em conflito com a elite conservadora da época. Além disso, enfrentou dificuldades financeiras devido a políticas governamentais desfavoráveis e sabotagens, como o incêndio criminoso em seu estaleiro em 1857.
As ferrovias construídas pelo Barão de Mauá tiveram um impacto significativo no desenvolvimento do Brasil. A primeira ferrovia do país, a Estrada de Ferro Mauá, foi inaugurada em 1854 e ligava o porto de Mauá, na Baía de Guanabara, até Raiz da Serra, na então Província do Rio de Janeiro.
Em 1823, Irineu começou a trabalhar em um armazém, onde rapidamente aprendeu as tarefas e o funcionamento do negócio. Seu talento o levou a assumir cargos melhores, e, aos catorze anos, já era o contador responsável pela empresa. Posteriormente, Irineu trabalhou na Carruthers & Co., onde aperfeiçoou seus conhecimentos em comércio, aprendeu inglês e entrou em contato com as ideias do liberalismo econômico de Adam Smith e David Ricardo.
Quando Carruthers se aposentou em 1835, deixou Irineu, então com 22 anos, no comando da empresa. Em 1840, Irineu viajou pela primeira vez para a Europa, onde se encantou com a realidade inglesa pós-Revolução Industrial, influenciando fortemente seus negócios.
Como defensor dos ideais liberais, Irineu promovia o trabalho livre e fez fortuna com o comércio internacional e diversos empreendimentos, inspirando-se nos modelos de sucesso ingleses. Durante sua viagem à Inglaterra em 1840, visitou fábricas de tecidos, estaleiros, fundições, estradas de ferro e bancos, buscando parcerias para suas empresas e captando investimentos no mercado inglês para aplicar no Brasil.
Primeiramente, Irineu criou um banco do governo, enfrentando desafios quando notícias circulavam sobre a confiabilidade de seus negócios. Esse movimento levou depositantes a transferirem seu dinheiro do Banco do Brasil para o banco do governo, causando uma crise nos empreendimentos de Irineu.
Em 1854, Irineu Evangelista de Sousa foi agraciado com o título de Barão de Mauá pelo imperador Dom Pedro II e, em 1874, com o título de Visconde de Mauá. Também atuou como deputado pelo Partido Liberal do Rio Grande do Sul entre 1855 e 1869.
Os principais impactos das ferrovias construídas por Mauá incluem:
1. Facilitação do Transporte de Mercadorias: As ferrovias permitiram o transporte mais rápido e eficiente de produtos agrícolas e industriais, conectando regiões produtoras aos portos e mercados consumidores. Isso ajudou a integrar a economia nacional e a reduzir os custos de transporte.
2. Impulso à Industrialização: A construção de ferrovias incentivou o desenvolvimento de outras indústrias, como a siderurgia e a metalurgia, necessárias para a produção de trilhos e locomotivas. Isso contribuiu para o início da industrialização no Brasil.
3. Desenvolvimento Regional: As ferrovias promoveram o crescimento de cidades e regiões ao longo de suas rotas, facilitando o acesso a novos mercados e recursos. Isso ajudou a diversificar a economia e a criar novas oportunidades de emprego.
4. Modernização da Infraestrutura: A introdução das ferrovias foi um passo importante na modernização da infraestrutura de transporte do Brasil, que até então dependia principalmente de estradas precárias e rios navegáveis.
De Caixeiro a Empreendedor Visionário:
Começando como caixeiro em uma loja de secos e molhados, Mauá logo se destacou por sua inteligência e perspicácia. Aos 23 anos, já era sócio da empresa, demonstrando grande capacidade para os negócios. Sua visão empreendedora o levou a diversificar seus investimentos, atuando em diversos setores da economia brasileira.
O Barão de Mauá foi um dos maiores empreendedores do Brasil no século XIX, destacando-se por suas diversas iniciativas comerciais e industriais. Seus negócios iam desde o Amazonas até o Rio Grande do Sul e incluíam uma vasta gama de empreendimentos.
Mauá possuía empresas em mais de seis países, com sócios variados, incluindo milionários ingleses, nobres franceses, especuladores norte-americanos, comerciantes do Pará e fazendeiros do Rio Grande do Sul. Ele foi um dos primeiros a investir no desenvolvimento infraestrutural e industrial do Brasil, estabelecendo bancos no Brasil, Uruguai, Argentina, Estados Unidos, Inglaterra e França.
Esses empreendimentos não apenas demonstraram seu pioneirismo comercial, mas também suas incursões significativas no aporte de infraestrutura e indústria, contribuindo para a modernização econômica e social do período. A diversidade e a dimensão de suas iniciativas mostram o impacto duradouro de sua visão e ambição na história econômica do Brasil.
Em 1867, controlava oito das dez maiores empresas brasileiras. As outras duas, o Banco do Brasil e a Estrada de Ferro Dom Pedro II, eram estatais. Juntas, as empresas de Mauá somavam ativos de quase 115 mil contos de réis (Caldeira, 1995), enquanto o orçamento do Império de D. Pedro II era de 97 mil contos de réis (Bertero e Iwai, 2005).
Mauá não era apenas um grande banqueiro, mas também um industrial, comerciante, fazendeiro e político de destaque. Ele foi responsável pela construção da primeira ferrovia do Brasil, a Estrada de Ferro de Petrópolis, e pioneiro na criação da primeira indústria nacional. Sua influência também se estendeu à iluminação pública do Rio de Janeiro, à navegação de cabotagem no Amazonas e à instalação do primeiro cabo submarino que conectou o Brasil à Europa, possibilitando a comunicação telegráfica.
Em 1844, Mauá fundou a Estrela, a primeira fábrica de ferro do Brasil, impulsionando a industrialização do país. A fábrica produzia desde ferramentas até locomotivas, peças essenciais para o desenvolvimento da nação.
Em 1854, Mauá inaugurou a Estrada de Ferro Mauá, a primeira ferrovia brasileira, ligando o Rio de Janeiro a Magé. Essa iniciativa revolucionou o transporte no país, facilitando o escoamento da produção e a integração nacional.
Em 1851, fundou a Companhia de Navegação a Vapor do Amazonas, abrindo as portas para a exploração comercial do rio Amazonas e seus afluentes. Seus navios a vapor facilitaram o transporte de pessoas e produtos, impulsionando a economia da região.
Em 1853, Mauá fundou o Banco Mauá, o terceiro Banco do Brasil. A instituição financiou diversos projetos de infraestrutura, como ferrovias, portos e fábricas, contribuindo para o desenvolvimento do país.
Mauá era um visionário que defendia a industrialização, a abolição da escravidão e a valorização da mão de obra nacional. Ele também era um grande filantropo, que investia em educação e saúde.
Apesar de suas conquistas, Mauá enfrentou grandes desafios. A Guerra do Paraguai (1864-1870) e a crise econômica de 1873 o obrigaram a declarar falência em 1875.
Exílio e Retorno:
Em 1878, Mauá se exilou na Europa, onde viveu por 11 anos. Em 1889, retornou ao Brasil, pouco antes de sua morte em 21 de outubro.
O título de Visconde de Mauá lhe foi concedido em 1874 pelo Imperador Dom Pedro II.
Aqui alguns livros e fontes:
Autobiografia: Visconde de Mauá (PDF gratuito)
VISCONDE DE MAUÁ E OS PRIMÓRDIOS DO DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL BRASILEIRO