Pintura a óleo de Simón Bolívar pelo artista Epifanio Garay

Pintura a óleo de Simón Bolívar pelo artista Epifanio Garay

Quem Foi Simón Bolívar: O Libertador da América do Sul

Simón Bolívar, conhecido como “El Libertador”, foi uma das figuras mais icônicas da história da América Latina. Simón José Antonio de la Santísma Trinidad Bolívar y Palacios nasceu em 24 de julho de 1783 em Caracas, Nova Granada (atual Venezuela). Bolívar nasceu em uma família aristocrática de origem espanhola próspera que tirava seu dinheiro das ricas minas de ouro e cobre que possuíam, mas cresceu em um contexto de colônia espanhola, o que moldou sua visão revolucionária. Órfão ainda jovem – perdeu o pai aos três anos e a mãe aos nove –, ele foi educado por tutores influenciados pelo Iluminismo europeu, como Simón Rodríguez, que o inspirou com ideias de liberdade e igualdade.

Bolívar viajou pela Europa entre 1803 e 1805, visitando países como Espanha, França e Itália, onde jurou, no Monte Sacro em Roma, libertar a América do Sul do jugo espanhol. De volta à Venezuela em 1807, ele se envolveu nas lutas pela independência, liderando campanhas militares que resultaram na libertação de vários países: Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia (que leva seu nome) e Panamá. Sua visão ia além da independência; ele sonhava com uma América unida, inspirado em modelos como os Estados Unidos, mas enfrentou divisões internas e traições que frustraram esse ideal. Bolívar morreu em 17 de dezembro de 1830, aos 47 anos, em Santa Marta, na Colômbia, vítima de tuberculose, deixando um legado de herói controverso: admirado por sua bravura, mas criticado por seu autoritarismo em alguns momentos.

A Revolução

De volta à Venezuela em 1807, após sua temporada na Europa, Bolívar mergulhou no movimento de independência quando Napoleão Bonaparte nomeou seu irmão, José Bonaparte, rei da Espanha e suas colônias, incluindo a Venezuela. Indignado, Bolívar juntou-se à resistência baseada em Caracas, que declarou a independência em 1810. Naquele ano, ele partiu em uma missão diplomática para a Grã-Bretanha, buscando apoio para a causa revolucionária. Enquanto isso, a luta pelo controle de Caracas e de grande parte da América do Sul continuava em seu país.

Determinado, Bolívar retornou à Venezuela e, em 14 de maio de 1813, lançou sua “Campaña Admirável” (Campanha Admirável), uma ousada ofensiva contra os espanhóis que culminou na formação da Segunda República Venezuelana no final daquele ano. Aclamado como “El Libertador”, ele enfrentou, no entanto, uma guerra civil que logo eclodiu na jovem república, forçando-o a fugir para a Jamaica. Lá, escreveu sua célebre “Carta da Jamaica”, na qual delineou sua visão de uma república sul-americana com um sistema parlamentar inspirado no modelo inglês e um presidente vitalício – uma ideia que gerou críticas de outros líderes e intelectuais por seu caráter autoritário.

Com o apoio do Haiti, Bolívar voltou à América do Sul e liderou diversas batalhas, conquistando territórios estratégicos. Em 1821, fundou a Grande Colômbia, uma federação que englobava o que hoje são Venezuela, Colômbia, Panamá e Equador, sob sua liderança. Suas campanhas não pararam aí: em 1824, foi nomeado ditador do Peru, e, em 1825, ajudou a criar a Bolívia, país que recebeu seu nome em sua homenagem.

Retrato de Simón Bolívar, publicado em 1837.

Bolívar e o Brasil

Apesar de sua influência abrangente na América do Sul, Simón Bolívar nunca visitou o Brasil. O foco de suas campanhas estava nas colônias espanholas do norte e oeste do continente, enquanto o Brasil, colonizado por Portugal, seguiu um caminho de independência diferente, proclamada em 1822 por Dom Pedro I sem grandes conflitos armados como os enfrentados por Bolívar. Bolívar via o Brasil como uma entidade culturalmente distinta, devido à herança portuguesa, e não incluiu o país em suas planos de libertação, concentrando-se em expulsar os espanhóis.

No entanto, há curiosidades interessantes sobre as relações indiretas entre Bolívar e o Brasil. Uma delas envolve a Guerra da Cisplatina (1825-1828), um conflito entre o Império do Brasil e as Províncias Unidas do Rio da Prata (atual Argentina) pela posse da Banda Oriental (hoje Uruguai). Como presidente da Grande Colômbia e da Bolívia, Bolívar manteve uma posição de neutralidade, prometendo não apoiar os argentinos contra os brasileiros, mesmo com tensões fronteiriças. Isso ocorreu em meio a incursões brasileiras em territórios bolivianos, como Chiquitos e Moxos, que foram ocupados temporariamente por tropas brasileiras. Essa neutralidade ajudou a evitar um conflito maior, mas destacou as diferenças entre os processos de independência dos dois lados do continente.

Outra curiosidade é o sonho de Bolívar por uma América do Sul unida, mas dividida em duas nações principais: uma para os povos de língua espanhola e outra para o Brasil, reconhecendo as diferenças linguísticas e culturais. Embora não haja registros de interações diretas com brasileiros proeminentes da época, o legado de Bolívar influenciou movimentos posteriores na região, incluindo discussões modernas sobre integração sul-americana, como as promovidas por líderes brasileiros e venezuelanos. No Brasil de hoje, Bolívar é visto como um libertador sul-americano, semelhante a José de San Martín, embora com menos ênfase do que em países como Venezuela ou Colômbia.

O impacto de Simón Bolívar vai além das guerras de independência. Ele simboliza a luta pela autodeterminação e a busca por justiça social em uma região marcada por desigualdades. Sua visão de uma América Latina unida continua a inspirar movimentos políticos e culturais até hoje.

Se você quer saber mais sobre Bolívar, explore suas cartas, como a famosa Carta de Jamaica (1815), onde ele expõe suas ideias para o futuro da América Latina.

Mais detalhes: Simón Bolivar – Accomplishments, Facts & Death / Simon Bolivar | Accomplishments, Death, Route, Revolution, Biography, & Facts | Britannica / Biografia de Simon Bolívar / Simón Bolívar: o Libertador da América do Sul / Há 236 anos nascia Simón Bolívar, o libertador da América – Brasil de Fato / Bolivarianismo – Wikipédia, a enciclopédia livre / Invasion of Chiquitos – Wikipedia / Carta da Jamaica – Wikipédia / Simón Bolívar, el endeudador de América / Simón Bolívar – LHistoria

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