MARX E LENIN - MARXISMO-LENINISMO

Desvendando o Marxismo-Leninismo: Origens, Princípios e Implementações Históricas

O Marxismo-Leninismo é uma corrente teórico-política que combina as ideias do filósofo alemão Karl Marx com as contribuições do revolucionário russo Vladimir Lênin. Ele se consolidou como uma doutrina política no início do século XX, servindo como base ideológica para diversos movimentos revolucionários e estados socialistas, como a União Soviética. Mas, afinal, o que define essa ideologia?

Origens e Fundamentos

O Marxismo-Leninismo tem suas raízes no marxismo, desenvolvido por Karl Marx (já falamos sobre o autor aqui) e Friedrich Engels no século XIX. Marx analisou o capitalismo como um sistema econômico baseado na exploração da classe trabalhadora (proletariado) pela classe dominante (burguesia). Ele argumentava que as contradições internas do capitalismo levariam inevitavelmente à sua superação por meio de uma revolução proletária, resultando em uma sociedade sem classes, o comunismo.

Lênin, por sua vez, adaptou e expandiu essas ideias no contexto do início do século XX, especialmente durante a Revolução Russa de 1917 (já falamos sobre isso aqui). Ele desenvolveu o leninismo, que incorpora estratégias práticas para a organização revolucionária e a construção de um estado socialista. O Marxismo-Leninismo, portanto, é a síntese dessas duas correntes, adaptada para orientar a luta revolucionária e a administração de estados socialistas.

Princípios Fundamentais

1. Materialismo Histórico e Dialético

O Marxismo-Leninismo adota o materialismo histórico como método de análise da sociedade. Essa abordagem entende que as relações econômicas e materiais moldam a história humana. As mudanças sociais ocorrem por meio de contradições (dialética) entre classes, como a luta entre trabalhadores e capitalistas.

2. Luta de Classes

A luta de classes é o motor da história, segundo Marx e Lênin. No capitalismo, o conflito central ocorre entre o proletariado, que vende sua força de trabalho, e a burguesia, que controla os meios de produção. O objetivo é a abolição das classes por meio da revolução.

3. Vanguarda Revolucionária

Lênin introduziu o conceito de partido de vanguarda, uma organização disciplinada de revolucionários profissionais que lideraria o proletariado na luta contra o capitalismo. Esse partido teria a função de educar, organizar e mobilizar as massas para a revolução.

4. Ditadura do Proletariado

Após a revolução, o Marxismo-Leninismo defende a criação de um estado proletário (ou ditadura do proletariado), uma fase transitória em que o proletariado controla o poder político para desmantelar as estruturas capitalistas e construir o socialismo. Esse estado seria temporário, evoluindo para o comunismo, uma sociedade sem classes e sem estado.

5. Socialismo e Comunismo

O Marxismo-Leninismo distingue duas fases na construção de uma sociedade comunista:

  • Socialismo: Uma fase intermediária em que os meios de produção são coletivizados, mas ainda há necessidade de um estado para organizar a economia e reprimir resquícios da burguesia.
  • Comunismo: O estágio final, onde o estado “desaparece” e a sociedade opera com base na igualdade e na cooperação, sem classes ou exploração.

O Marxismo-Leninismo na Prática

Na prática, o Marxismo-Leninismo foi adotado como ideologia oficial em estados como a União Soviética, China, Cuba e outros durante o século XX. Sob a liderança de figuras como Lênin, Stalin e Mao Tsé-Tung, esses estados implementaram políticas como a nacionalização dos meios de produção, planejamento econômico centralizado e repressão a opositores, muitas vezes justificadas como necessárias para proteger a revolução.

Implementação na União Soviética

A URSS foi o primeiro estado a adotar o Marxismo-Leninismo, fundado após a Revolução de 1917 sob Lênin, que interpretou o marxismo para criar um estado totalitário focado na industrialização rápida e na coletivização agrícola. No início dos anos 1920, Stalin consolidou o poder, transformando-o em uma doutrina distinta com ênfase em “socialismo em um só país”, o que incluiu purgas políticas e repressão em massa para eliminar opositores. Conquistas como a vitória na Segunda Guerra Mundial e avanços industriais foram atribuídas ao sistema, mas críticas apontam para o autoritarismo e milhões de mortes em gulags e fomes artificiais. O regime durou até 1991, quando colapsou devido a ineficiências econômicas e pressões internas (já falamos sobre isso aqui).

Implementação na China

Na China, Mao Zedong adaptou o Marxismo-Leninismo às condições locais, criando o “Maoísmo” ou “Pensamento Mao Zedong”, que enfatizava a revolução camponesa e a luta contínua contra o revisionismo. Após a vitória na Revolução Chinesa de 1949, Mao implementou a coletivização da terra e o Grande Salto Adiante (1958-1962), visando industrialização acelerada, mas resultando em fome massiva que causou dezenas de milhões de mortes (já falamos sobre isso aqui). A Revolução Cultural (1966-1976) buscou purificar o partido de elementos burgueses, mas levou a caos social e perseguições. Apesar das críticas por autoritarismo, o maoísmo contribuiu para a libertação do feudalismo e influenciou o desenvolvimento posterior da China.

Implementação em Cuba

Cuba adotou o Marxismo-Leninismo após a Revolução de 1959, liderada por Fidel Castro, que se declarou marxista-leninista em 1961, alinhando o país à União Soviética durante a Guerra Fria. O regime implementou reformas como a nacionalização de indústrias e educação universal, sintetizando o marxismo com o nacionalismo de José Martí para combater o imperialismo americano. Sob o Partido Comunista de Cuba, o país enfrentou embargo econômico dos EUA (já falamos sobre isso aqui), mas manteve algumas conquistas na educação, embora com repressão política e dependência soviética até os anos 1990.

Críticos destacam a falta de liberdades e estagnação econômica, enquanto defensores enfatizam a resiliência socialista. No entanto, a aplicação do Marxismo-Leninismo gerou intensos debates. Críticos apontam que, em muitos casos, esses regimes resultaram em autoritarismo, repressão política e desvios dos ideais originais de Marx. Defensores, por outro lado, argumentam que as condições históricas, como guerras e pressões externas, exigiram medidas drásticas para preservar as conquistas revolucionárias.

Relevância Atual

Embora o Marxismo-Leninismo tenha perdido força com o colapso da União Soviética em 1991, ele ainda influencia movimentos políticos, partidos e debates acadêmicos em todo o mundo. Suas ideias sobre desigualdade, exploração capitalista e luta de classes continuam a inspirar análises críticas do sistema econômico global. Além disso, novas interpretações e adaptações do Marxismo-Leninismo surgem em contextos contemporâneos, especialmente em países do Sul Global (já falamos sobre isso aqui).

O Marxismo-Leninismo é mais do que uma teoria abstrata; é uma tentativa de compreender e transformar a sociedade com base na luta de classes e na construção de um futuro igualitário. Apesar de suas controvérsias e desafios históricos, suas ideias continuam a provocar reflexões sobre as desigualdades do capitalismo e o papel do estado na emancipação social. Entender o Marxismo-Leninismo é mergulhar em uma das correntes mais influentes do pensamento político moderno, com lições e debates que permanecem vivos.

Mais detalhes: Marxismo-leninismo – Wikipédia / O que é o marxismo-leninismo? / O que é marxismo-leninismo? – PCB – Partido Comunista Brasileiro / Marxismo-leninismo-maoismo – Wikipédia / Leninism | Marxist-Leninist Theory & Ideology | Britannica / Marxism-Leninism – an overview | ScienceDirect Topics / Fundamentals of Marxism-Leninism

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