A geopolítica contemporânea é cada vez mais moldada pela interseção entre tecnologia, poder econômico e disputas judiciais transnacionais. A recente escalada de tensões entre Brasil e Estados Unidos, conforme reportagens recentes, ilustra como a dependência tecnológica e as guerras comerciais podem ser instrumentalizadas em conflitos políticos. O governo norte-americano, sob a administração de Donald Trump, teria considerado medidas drásticas, como a suspensão do acesso brasileiro ao sistema GPS, controlado pelos EUA, em retaliação a decisões judiciais do Supremo Tribunal Federal (STF), lideradas pelo ministro Alexandre de Moraes, que impuseram sanções a empresas e cidadãos americanos, como a suspensão de plataformas digitais no Brasil. Essas ações, interpretadas como censura sem devido processo legal por parte dos EUA, também levantam questões sobre o sistema internacional de pagamentos SWIFT e a vulnerabilidade do Brasil em um cenário de guerra tecnológica e econômica.
A Dependência Tecnológica Brasileira e o GPS
O Sistema de Posicionamento Global (GPS), desenvolvido e controlado pelo Departamento de Defesa dos EUA, é uma infraestrutura crítica para a economia global, afetando setores como aviação, logística, agricultura de precisão, telecomunicações e até mesmo serviços bancários. No Brasil, a ausência de uma tecnologia própria equivalente ao GPS — ao contrário de potências como China (com o BeiDou) e Rússia (com o GLONASS) — coloca o país em uma posição de extrema vulnerabilidade. Posts recentes em redes sociais, como o X, estimam que a suspensão do sinal GPS no Brasil poderia gerar prejuízos na ordem de trilhões de reais, com impactos devastadores em cadeias logísticas, transporte aéreo e terrestre, e no agronegócio, que depende de sistemas de posicionamento para otimizar a produção.
A China e a Rússia, ao desenvolverem seus próprios sistemas de navegação por satélite, garantiram maior autonomia estratégica. O BeiDou, por exemplo, já cobre mais de 165 países e é parte da estratégia chinesa de reduzir a dependência de tecnologias ocidentais. Da mesma forma, o GLONASS russo foi projetado para assegurar soberania tecnológica em um contexto de rivalidade com os EUA. O Brasil, por outro lado, não possui um sistema alternativo viável, e a criação de uma infraestrutura semelhante exigiria anos de investimento e desenvolvimento, algo estimado em 6 meses a 1 ano para adaptações emergenciais, com custos exorbitantes.
Sanções e a Guerra Comercial: O Papel do STF e das Empresas Americanas
As tensões atuais têm raízes em decisões do STF, especialmente sob a relatoria de Alexandre de Moraes, que ordenou a suspensão de plataformas digitais americanas, como o X; o concorrente do youtube, Rumble, e também da constelação de satélites StarLink, do homem mais rico do mundo (Elon Musk) e impôs multas por descumprimento de ordens judiciais relacionadas à remoção de conteúdos considerados antidemocráticos. Essas ações foram interpretadas nos EUA como violações da liberdade de expressão e ataques a empresas e cidadãos americanos, sem o devido processo legal. Em resposta, o governo Trump anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto de 2025, além de uma investigação comercial sob a Seção 301, citando práticas comerciais desleais e “ataques insidiosos” à liberdade de expressão.
A ameaça de suspender o acesso ao GPS, conforme reportado pela imprensa, seria uma escalada sem precedentes, indo além de sanções econômicas tradicionais. Tal medida, combinada com a possibilidade de exclusão do Brasil do sistema SWIFT — a rede global que facilita transações financeiras internacionais —, poderia paralisar a economia brasileira. O SWIFT, dominado por instituições ocidentais, é outro ponto de vulnerabilidade para países que não possuem alternativas robustas, como o sistema CIPS da China ou o SPFS da Rússia. A exclusão do SWIFT, como apontado em posts no X, poderia ser implementada rapidamente pelos EUA, causando colapso imediato em transações internacionais, afetando exportações, importações e até o sistema bancário doméstico.
A Geopolítica da Tecnologia e a Escalada das Sanções
A possibilidade de sanções tecnológicas, como a suspensão do GPS ou do SWIFT, reflete uma nova forma de guerra híbrida, onde ferramentas econômicas e tecnológicas são usadas para pressionar adversários políticos. Os EUA, ao controlarem infraestruturas críticas globais, detêm um poder desproporcional para impor sua agenda. A narrativa de Trump, que vincula as tarifas e possíveis sanções à “perseguição” do ex-presidente Jair Bolsonaro e à suposta censura do STF, demonstra como questões judiciais domésticas podem ser internacionalizadas, transformando o Brasil em um palco de disputas geopolíticas.
Enquanto a China e a Rússia investem em autonomia tecnológica, o Brasil permanece dependente de sistemas controlados por potências estrangeiras. A Lei da Reciprocidade Econômica brasileira, sancionada em 2025, oferece ferramentas para retaliar comercialmente, mas especialistas alertam que uma guerra comercial com os EUA seria desvantajosa, dado o desequilíbrio de poder econômico e tecnológico. Além disso, a retaliação brasileira poderia escalar as tensões, com Trump ameaçando aumentar tarifas para além dos 50% já anunciados, criando uma “escada tarifária” que aprofundaria os prejuízos.
O Caminho para a Soberania Tecnológica
A crise atual expõe a necessidade urgente de o Brasil investir em soberania tecnológica. Desenvolver um sistema de navegação por satélite próprio, fortalecer a indústria de semicondutores e criar alternativas ao SWIFT são passos essenciais, mas que demandam tempo, recursos e vontade política. A curto prazo, o Brasil poderia buscar parcerias com países como China e Rússia, que já possuem infraestruturas alternativas, mas isso exigiria um reposicionamento geopolítico delicado, dado o alinhamento histórico com os EUA.
A guerra comercial e tecnológica em curso é um alerta para o Brasil: a dependência de tecnologias controladas por potências estrangeiras é uma fragilidade estratégica que pode ser explorada em momentos de crise. A autonomia tecnológica não é apenas uma questão econômica, mas uma necessidade para garantir a soberania nacional em um mundo multipolar, onde o controle de infraestruturas críticas define o equilíbrio de poder.
A ameaça de suspensão do GPS e a exclusão do SWIFT sublinham como a geopolítica do século XXI é cada vez mais tecnológica. As sanções contra o Brasil, motivadas por disputas judiciais e políticas, revelam a fragilidade de um país que não detém controle sobre infraestruturas essenciais. Enquanto China e Rússia avançam na construção de alternativas ao domínio tecnológico ocidental, o Brasil precisa urgentemente diversificar suas parcerias e investir em autonomia. A escalada das tensões com os EUA é um sintoma de um mundo em transformação, onde o poder não é mais apenas militar ou econômico, mas também tecnológico. Cabe ao Brasil decidir se será um ator soberano ou uma vítima das disputas globais.
Mais detalhes: Tarifas dos EUA devem derrubar preços e afetar setores estratégicos | Agência Brasil / Trump determina investigação comercial contra o Brasil; entenda o que é | Economia | G1 / Alexandre de Moraes e EUA: o que pode acontecer se ministro for sancionado pela Lei Magnitsky? – BBC News Brasil / GPS: The Global Positioning System / About GLONASS / Diplomatas expulsos e bloqueio a GPS: bolsonaristas listam opções de Trump | Blogs | CNN Brasil / Brasil refém do GPS: realizado alerta militar sobre risco de apagão e perda de soberania – O portal da Geoinformação