DUQUE DE CAXIAS

A Vida do Duque de Caxias: O Pacificador do Brasil

Luís Alves de Lima e Silva, mais conhecido como o Duque de Caxias, é uma das figuras mais importantes da história brasileira. Nascido em 25 de agosto de 1803, na então Capitania do Rio de Janeiro, ele se tornaria militar, político e o grande símbolo da unidade nacional no século XIX. Patrono do Exército Brasileiro, Caxias participou de praticamente todas as guerras e revoltas que marcaram o Segundo Reinado, sempre com a missão de preservar a integridade do Império.

Infância e formação militar

Filho e neto de militares, Caxias nasceu em uma família tradicional ligada às armas. Seu pai, o brigadeiro Francisco de Lima e Silva, e seu tio, o marechal José Maria da Silva Bittencourt, influenciaram decisivamente sua carreira. Aos 5 anos, em 1808, ele assistiu à chegada da Corte portuguesa ao Rio de Janeiro, fugindo de Napoleão — um evento que marcaria para sempre a sua geração.

Ingressou na carreira militar muito cedo: em 1818, com apenas 15 anos, já era cadete na 1ª Divisão do Exército. Formou-se em Ciências Físicas e Matemáticas na Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho — a futura Escola Militar. Sua inteligência e disciplina chamavam atenção desde cedo.

As primeiras campanhas

A estreia em combate veio em 1822, na Bahia, lutando pela independência contra as tropas portuguesas ainda fiéis à Corte de Lisboa. Com apenas 19 anos, Caxias destacou-se na reconquista de Salvador, em 1823.

Nos anos seguintes, participou da repressão a várias revoltas do Período Regencial:

  • Confederação do Equador (1824, em Pernambuco)
  • Guerra Cisplatina (1825–1828)
  • Balaiada (Maranhão, 1838–1841)
  • Revolta dos Farrapos (Rio Grande do Sul, 1835–1845)
  • Revolta Liberal de 1842 (São Paulo e Minas Gerais)

Foi especialmente na Guerra dos Farrapos que ganhou notoriedade nacional. Nomeado comandante das forças legais em 1842, adotou uma estratégia que misturava firmeza militar com negociação política. Em 1845, conseguiu a rendição dos rebeldes com o Tratado de Ponche Verde, evitando mais derramamento de sangue. Esse equilíbrio entre a espada e a diplomacia seria sua marca registrada.

O “Pacificador” na Guerra do Prata

O maior desafio militar veio entre 1851 e 1852, na Guerra contra Rosas e Oribe (conhecida como Guerra do Prata). À frente de um exército de 20 mil homens — o maior já reunido pelo Brasil até então —, Caxias derrotou decididamente as forças argentinas e uruguaias na Batalha de Monte Caseros (3 de fevereiro de 1852). A vitória consolidou a influência brasileira no Prata e rendeu-lhe o título de Marquês de Caxias.

A Guerra do Paraguai

Em 1864, com 61 anos, Caxias já era senador e pensava em se aposentar. Mas o sequestro do vapor Marquês de Olinda e a invasão paraguaia de Mato Grosso e Rio Grande do Sul o trouxeram de volta ao serviço ativo.

Nomeado comandante-em-chefe das forças aliadas em 1866, encontrou um exército desorganizado e doente. Com método e disciplina, reestruturou as tropas. Destacam-se suas vitórias em Tuyutí (maior batalha campal da América do Sul), a passagem de Humaitá e a campanha da Cordilheira. Em dezembro de 1868, comandou pessoalmente o assalto final a Assunção, decretando a vitória brasileira.

A campanha, porém, foi duríssima: cerca de 50 mil brasileiros morreram, a maioria por doenças. Caxias, já idoso e doente, deixou o comando em janeiro de 1869, antes do fim oficial da guerra em 1870. Recebeu então o título de Duque — o único concedido no Brasil Império a quem não pertencia à família imperial.

Política e últimos anos

Três vezes presidente de província (Rio Grande do Sul, Maranhão e Rio de Janeiro), foi também senador, ministro da Guerra e presidente do Conselho de Ministros (1875–1878). Conservador moderado, defendia a monarquia, a ordem e a gradualidade nas reformas — inclusive na questão da escravidão, o que lhe rende críticas de abolicionistas radicais da época.

Morreu em 7 de maio de 1880, na antiga Fazenda Santa Cruz, aos 76 anos. Seu funeral foi um dos maiores já vistos no Rio de Janeiro. Em 1925, foi declarado Patrono do Exército Brasileiro, e sua data de nascimento, 25 de agosto, tornou-se o Dia do Soldado.

Caxias é lembrado como o “Pacificador” porque, em um século de revoltas e guerras, conseguiu manter o Brasil unido — algo raro na América Latina da época. Críticos apontam seu papel na repressão de movimentos populares e na manutenção da escravidão por mais tempo. Defensores destacam que agiu dentro das leis e do contexto de seu tempo, sempre buscando evitar derramamento de sangue desnecessário.

Mais detalhes: Luís Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias / Patrono / Duque de Caxias (RT) — Arquivo Nacional / Duque de Caxias – TV Câmara – Portal da Câmara dos Deputados /

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